Não seria a caçada pelo que nos torna felizes o maior motivo de sermos infelizes?
Quantas vezes vemos pessoas bem sucedidas mas infelizes?
Nós gastando o dinheiro que ganhamos mais rápido que conseguimos ganhar nessa busca para preencher um vazio, vivendo de salário em salário, vivendo por um salário, vivendo por coisas, mas não vivendo de fato.
Há um desejo reprimido, as pessoas vivem inquietas, sempre buscando por algo mais em uma época onde se desfruta do que há de melhor no mundo moderno.
O primeiro carro que se compra gera uma maravilhosa dose de satisfação, o segundo carro vem porque não estamos mais satisfeitos com o primeiro.
Acostumamos a transferir isso para as pessoas, divórcios, amizades, hobbies, esportes... Somos programados pra ficarmos insatisfeitos o mais rápido possível para consumirmos mais.
Criaram um vício e são eficientes em nos ajudam a mante-lo atravéz da tecnologia e da informação.
A cultura criou esse padrão para nos dizer como nossas vidas deveriam ser, seja através da publicidade ou do feed no seu Instagram ou Facebook que é a maior ilusão atual, dizendo a você a todo instante "seja assim", "tenha isso", "faça isso".
Estudei comunicação social com habilitação em publicidade e propaganda, uma certa vez um professor disse que meu idealismo não permitiria que eu ganhasse dinheiro com publicidade.
A mídia foi adestrada para ser brutal usando a vida de outras pessoas pra mostrar a você como sua vida é ruim e pode ser melhor. A mesma tática é usada por grupos multinível ou pirâmides por exemplo.
Um comportamento natural, você abre uma revista e vê pessoas vivendo de maneira sexy no meio de muito luxo, e então projetamos para nossa realidade como nos devemos nos tornar, como devemos ser, o quão próximo disso eu posso chegar. E é ai que mora o perigo, porque no meio do caminho podem surgir muitas frustrações, podendo nos trazer consequências catastróficas e não estamos vendo outra opção a não ser "viver assim".
A propaganda polui, ela está em todos os lugares: filmes, novelas, entre uma partida e outra no joguinho do celular, programas de tv, carros, consultórios, nos livros, nos bares, naquela pessoa sentada do seu lado tendo uma conversa descontraída pode ter sido colocada ali por uma empresa qualquer para te influenciar a consumir algo.
Isso não é algo que aconteceu da noite pro dia, vem acontecendo a mais de 100 anos sendo provocada por pessoas e grupos que querem ganhar muito dinheiro e sempre.
A cada ano que passa a mais estímulos, mais pressão, mais opções, mais mídia, mais barulho e barulho para nos dizerem o que nós precisamos.
Estamos no início de 2017 e já vejo propaganda de carros modelo 2018, no fim de 2017 vamos ver propagandas do modelo 2019, isso é um absurdo.
Nossa vida chegou a um ponto que não sabemos mais o que realmente é importante.
Minha vida chegou a um ponto dentro desses 35 anos quase 36 que mesmo sabendo o que precisa ser feito eu não consigo fazer.
Eu posso simplesmente ser feliz tendo o que quero de necessário pra viver, não entupindo o guarda roupa de coisas que não uso, não guardando em caixas coisas que talvez um dia serão úteis, não transferindo pras coisas os valores que as pessoas que estão ao meu redor devem ter.
Não existe uma fórmula, uma receita, cada um tem a sua, a busca é individual, mas durante o caminho vamos trocar experiências que podem nos ajudar a melhorar algo em nós.
Ter apenas coisas que sirvam pra um propósito ou tragam satisfação que tragam valor a vida sem ter que me justificar para outras pessoas.
Quando entrei pra faculdade achei que sairia empregado ganhando 20 mil por mês, descobri que não é bem assim, aprendi que não se tem controle sob o quanto vai ganhar e sim sob o quanto se gasta, quando as pessoas aprenderem a controlar isso, nenhum banco vai controlar nossas vidas.
Você pode ser dedicado, criativo, inovador e ter um desejo sincero pela humanidade, isso te torna um perigo para o sistema atual, porque tudo vai conspirar para parecer que você está fora do jogo, você não está na moda, você não é a bola da vez, você é direita ou esquerda, capitalista, comunista, budista, evangélico... Quando você passa a não mais pertencer a esse esquema e percebe que não é obrigado a participar dessa insanidade, algumas pessoas vão dizer que você está jogando a toalha, se retirando da guerra, desistindo.
Mas na verdade qual o propósito de uma guerra além de se manter vivo?
E viver sob essas regras pode ser extremamente destrutivo. Estamos perdendo a noção de igualdade de todos os seres vivos, o propósito de cada um, o tempo que duramos, nossa consciência, espiritualidade...
A luta não é contra algo ou alguém, é você contra você mesmo, ter o poder de se controlar de ter consciência, o poder de mudar sem medo de ser um fracassado.
Estamos sempre em busca de algo, ficamos trocando de estímulos em busca da dopamina afim de sentirmos satisfação e prazer naquilo que fazemos ou compramos, a próxima mensagem, o próximo e-mail, o que vou postar agora... Isso é literalmente estar na matrix.
É impactante perceber o que acontece em nossas vidas, como deixamos de fazer o que realmente importa pra estar constantemente ocupados com trabalho, com a carreira acadêmica, com quantos "likes" em uma postagem, até perceber que quase tudo não passa de ilusão.
Não estou dizendo para abandonar tudo e viver na beira da praia (apesar de não ser uma má ideia), mas estou tentando mostrar as pessoas um motivo para refletir sobre "qual o propósito de suas vidas".
Está claro que o verdadeiro problema da humanidade é mais profundo do que a falta de petróleo, ou de energia, inflação, recessão, politica. As pessoas se orgulham do trabalho duro, famílias fortes, comunidades unidas, agora tendem a venerar o comodismo, o consumismo.
A identidade de uma pessoa não é mais definida por que ela faz e sim pelo que ela possui.
Descobrimos que possuir coisas e consumir coisas não satisfaz nosso desejo de propósito.
Estamos aprendendo que acumular bens materiais não é suficiente para preencher o vazio de vidas desprovidas de princípios, fé ou propósito.
Isso está longe de ser uma mensagem de felicitações ou reafirmação, é na verdade um aviso sobre extrair o máximo de valor daquilo que você possui, do que você é capaz de fazer, ter equilíbrio, ter o suficiente e necessário, é isso que você realmente procura, sobre como nos unirmos em comunidade, uma sociedade onde haja menos desigualdade e mais justiça, na qual todos tenham uma chance de ser responsável em relação ao planeta e o ambiente.
Existe uma forma diferente de se viver!
Preste atenção nas pessoas ao seu redor, vamos construir relacionamentos genuínos, uma vida com menos "afim de ter mais", uma vida com paixão, livre das armadilhas desse mundo caótico ao nosso redor, sem essas besteiras exotéricas, esse romantismo hippie.
O que você pode estar imaginando não é uma vida perfeita, mas uma vida consciente, talvez longe de ser uma vida fácil, mas uma vida mais simples sem essa loucura de agir sem pensar.
Quando você se ser conta de que tudo isso pode mudar, vai começar a perceber o sentido.
Uma jornada, um mundo cheio de novidades.
Se vai dar certo?
Não sei, mas está melhor assim.
